O impossível que se tornou possível graças ao "sim" de muitos
29 maggio 1991- Uma data histórica:
naquele dia Chiara Lubich, da Mariápolis, expressão do Movimento dos Focolares,
situada nas proximidades de São Paulo, e que na época trazia o nome de “Araceli”
(agora “Ginetta”), lança a ideia de um projeto inovador: a Economia de Comunhão
(EdC). Um projeto que, desde a sua gênesis, tinha como objetivo contribuir para
sanar as graves consequências sociais geradas pela crise econômica,
consequências que ela havia percebido ainda mais profundamente chegando ao
Brasil.
Naquela ocasião Chiara dirigia-se
a um público do Movimento dos Focolares, incentivando de modo especial os atuais
empresários ali presentes e pessoas que futuramente pudessem se tornar
empresários. Com a sua difusão em nível mundial o projeto suscitou o interesse
de economistas e pesquisadores de várias disciplinas, que começaram a entrever nessa
ideia uma possível resposta à atual crise mundial econômica e até mesmo cultural.
Ginetta acompanhou com paixão as
primeiras realizações. Isso custou a ela e a tantas pessoas – como costumava
expressar-se - “sangue da alma’.
Reportamos em seguida alguns trechos
extraídos de diálogos dela com empresários brasileiros, em 1994 e 1996. Relendo-os
sentimo-nos impulsionados a manter sempre vivo aquele ardor dos primórdios da
EdC.
Na época em que Ginetta está
falando, havia somente o Pólo empresarial Spartaco; hoje, no Brasil, contamos
com mais dois Pólos da EdC: o Pólo Ginetta em Igarassu, nas proximidades de
Recife e o Pólo François Neveux em Benevides, nas proximidades de Belém, frutos
também esses da determinação e generosidade de muitos, o que testemunha a atualidade
das palavras de Ginetta.
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Entrada do Pólo Ginetta (Igarassu - Recife) |
“Quando Chiara nos comunicou essas
suas ideias fascinantes, os nossos corações exultaram. Para nós era como o canto
do Magnificat, que Maria proclamava para desencadear uma revolução de amor.
A adesão dos membros do Movimento
foi imediata, entusiástica, comovente; dos ricos aos pobres, dos pequenos aos
grandes... Cada um sentiu-se tocado e lançou-se numa contribuição pessoal das
mais variadas formas. Vimos acontecer, de um modo surpreendente uma comunhão de bens como a dos primeiros
cristãos: dinheiro, jóias, terrenos, casas, disponibilidade de tempo e de
trabalho, disponibilidade de transferências, oferta a Deus de sofrimentos e da
própria vida.
O povo brasileiro, como o definiu
Chiara, “magnífico, generoso, simples, pobre, mas que doa tudo,
inteligente, criativo e solícito”, soube
responder ao apelo.
Com o desejo ardente de concretizar imediatamente esta inspiração,
iniciamos a procura de um terreno que tivesse todos os requisitos de uma região
industrial, para garantir, no futuro, um Pólo no qual as empresas, por estarem instaladas
no mesmo local, pudessem testemunhar esta nova economia.
Depois da experiência destes anos, podemos afirmar que a geografia de
Deus não é a mesma dos homens, porque Deus, escolhendo o Brasil, conhecia a trágica
situação econômica do País. Abrir empresas num contexto social como o nosso, no
qual milhares de fábricas estão fechando por causa da crise econômica,
humanamente é absurdo, é contra a lógica humana... Pois Cristo quer que vivamos
de fé: "Tudo é possível àquele que crê" (Mc 9, 23).
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Vista aérea Pólo Spartaco |
Mas é preciso que a EdC vá para frente, para que realmente não haja
nenhum necessitado. Portanto, hoje mais do que nunca, o futuro da EdC depende
de cada um de vocês, empresários da comunhão na liberdade.
“O que fazer? Desanimar diante de um
desafio tão grande? Com certeza não. A Palavra do evangelho, que estamos
procurando viver nesse mês nos diz: “Não temas, crê somente”. É isso que eu
peço a mim mesma e a todos vocês: não temamos, continuemos a acreditar. Assim
como Deus deu coragem àqueles que se empenharam até agora, continuará a dá-la.
Embora não nos sintamos capacitados, a fé em Deus fará com que ele
manifeste a sua potência levando a Economia de comunhão a um desenvolvimento
inimaginável”.
(Para saber mais: www.edc-online.org/br)