segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A CARIDADE COBRE A MULTIDÃO DE PECADOS

Estamos vivendo os últimos dias do ano 2010 e gostaríamos de iniciar 2011 realmente com o coração novo. Propomos uma experiência vivenciada por Ginetta - extraída do livro "Ginetta. Uma VIDA pelo IDEAL da UNIDADE" -, por ocasião da abertura do primeiro focolare na cidade de Milão, que nos dá uma pista para que isso aconteça.


Eu escrevia, sempre, tudo a Chiara e comunicava tudo ao nosso arcebispo (de Trento) e a padre Tommasi, que era o nosso assistente em Roma. Ele me disse: ‘... é preciso falar com o Cardeal Schuster, arcebispo de Milão’. (...)
Só pronunciar esse nome fazia todo mundo tremer! O cardeal Schuster era um dos mais importantes da Itália.
Tomeis o trem, mas naquele período, logo após a guerra, os trens confortáveis eram quase inexistentes, diria até que não existiam realmente. E, de fato, viajei naqueles trens em que se transportava gado. Portanto, um vagão onde não há lugar para sentar e, como tinham embarcado também os animais, não havia um bom odor, não se sabia onde por as mãos e era fácil perder o equilíbrio, pois não dava para se apoiar em nada. (...)
No dia seguinte, fui ao arcebispado. O secretário do cardeal perguntou-me o que eu queria. Disse-lhe que o meu arcebispo havia dito que eu teria que me encontrar com o cardeal Schuster. Perguntou-me:
- Qual é o assunto?
- É um assunto religioso.
- Bem, a senhorita não vai falar com o cardeal Schuster; vai falar com monsenhor Gornatti. (...)
Eu tomei tamanho susto que me esqueci que eu tinha um bilhete do nosso arcebispo. Mas fui.
Depois de vários corredores, um senhor me parou e perguntou:
- O que deseja, senhorita?
- Tenho aqui um bilhete do secretário do cardeal Schuster; devo falar com monsenhor Gornatti.
- Mas a senhorita sabe quem é monsenhor Gornatti?
- Sei apenas que devo falar com ele.
- Mas é um juiz!
Digo a verdade, por uma graça particular de Nossa Senhora, não caí... (...)
Tremia de medo e me perguntava: Mas, Ginetta, por que está tremendo de medo? Essa pessoa me dá medo, o juiz me dá medo. Mas escute, Chiara não nos ensinou a ver Jesus em todos? Então você tem medo de Jesus? Por que não vê Jesus nele?
(...) Entretanto, dizia a mim mesma: Por que ele me dirá não? Porque sou Ginetta; porque, se eu fosse Jesus, ele não teria coragem de dizer “não”. (...)
Mas surgiu outra dificuldade: Mas você, Ginetta, não é digna, é miséria, é pecado, é realmente a negação de tudo. Por isso você não é Jesus, eis a questão.
A essa altura todas, as pessoas já tinham entrado. O coração batia forte: Está chegando a minha hora, devo entrar. Mas o senhor que estava à minha esquerda, e era o último, me perguntou:
- Por favor, poderia me deixar passar à sua frente, porque tenho uma coisa importantíssima a fazer e não conseguirei se não entrar antes da senhorita.
Respondi:
- Sem dúvida! Com muita alegria!
Tendo feito isso, a paz voltou a reinar dentro de mim, porque me lembrei de que na Sagrada Escritura está escrito que a caridade cobre a multidão dos pecados. Naquele momento, fiz um ato de caridade ao irmão e acreditei que Deus podia purificar-me com aquele ato de caridade e preparar-me para me encontrar com aquele monsenhor.
Mais tarde ele saiu e eu entrei. O monsenhor me olhou e disse:
- Que paciência a senhorita teve!
Perguntou-me:
- Por que veio me procurar?
Contei ... (...). Ele ficou impressionadíssimo e me disse:
- Ma esse é um ótimo espírito, do qual têm urgente necessidade, não só os pequenos centros, mas também os grandes centros, como Milão! (...) A senhorita seguiu o caminho certo, pois o Evangelho diz: “Eu sou a videira e vós sois os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele, produz muito fruto” (Jo 15,5).

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O PROBLEMA SOCIAL NÃO SE RESOLVE COM UM PACOTE DE NATAL

Trecho extraído do livro “Ginetta. Uma VIDA pelo IDEAL da UNIDADE”.

Um dia, um amigo de Gino, irmão de Chiara (esse amigo e Gino eram ambos comunistas), foi até ela para contar-lhe como o comunismo estava se estendendo em toda a Itália e em todo o mundo. Pouco antes de ir embora, tomado pelo entusiasmo, disse:
- Eu estaria disposto a derramar logo todo o meu sangue, se soubesse que assim poderia contribuir para desenvolver e difundir ainda mais esse grande ideal pelo mundo; renunciei à carreira de médico e, neste momento, também a formar uma família.
Essas palavras tocaram profundamente Chiara, porque, entre outras coisas, ela sabia que aquele jovem, além de ter renunciado à carreira de médico e, no momento, a formar a sua própria família, pela doação excessiva aos companheiros pobres e operários comunistas, tinha perdido a saúde e ainda tinha sido preso e maltratado pelos soldados alemães, para não trair os seus amigos, que viviam com ele pelo mesmo ideal.
Quando ele saiu, Chiara nos disse:
- Quantas coisas ele fez por um ideal meramente humano! Realmente nos superou na generosidade!

As palavras dele soavam aos nossos ouvidos como uma tremenda reprovação. Nós, pelo Ideal dos ideais, Deus, que há tempos havíamos escolhido como o nosso único Tudo, não tínhamos feito tanto quanto ele. Ficamos emudecidas, mas não perdemos o ânimo.
(...)
Jesus, no Santo Evangelho tinha dito e nos dizia: “Daí, e vos será dado; uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante, será derramada no vosso regaço” (Lc 6,38). É preciso dar para ter; para ter e poder doar novamente. Era um dever para todos nós dar o supérfluo e evitar que existisse quem não possuísse o necessário.
Não é justo, dizia, que entre nós exista quem circula com um casaco de pele e quem não tem o leite no café da manhã e a mistura no almoço.
(...) É vontade de Deus – para que se evitem esses enormes desequilíbrios – que se doe o supérfluo a quem não tem o mínimo indispensável para vier, e isso, constantemente, com consciência.
(...) O problema econômico social não se resolve com um pacote no Natal (...). Porque o ano é feito de trezentos e sessenta e cinco dias, e o físico reclama todos os dias os seus direitos. Na nossa pequena e grande família não deve existir nenhum necessitado, nenhuma diferença entre quem dá e quem recebe. Somos todos irmãos, todos filhos do mesmo Pai, o Pai que está nos Céus.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

ANTES DE TUDO A CARIDADE

TRECHO DO LIVRO "Ginetta. Uma VIDA pelo IDEAL da UNIDADE", PG. 97

O cristão – aquele que crê ser cristão – deve fazer a vontade de Deus. Quem de nós pensava, antes, em fazer a vontade de Deus?! Mas Chiara disse que nós tínhamos mesmo de fazer a vontade de Deus. Por exemplo, quando alguém entra na escola para estudar ou entra no escritório, no Banco, e o horário é às oito horas, entra às oito, e não às oito e cinco!
E, falando de Comunhão Eucarística, para recebê-la temos de assistir à missa. E, à luz do Carisma da Unidade, também a missa veio em relevo de uma maneira extraordinária. Para nós, um dia sem missa era um dia perdido, um dia que não tinha significado, pois se tratava do momento mais importante do nosso dia. Se a missa era às sete horas, então era às sete horas! Às sete horas precisava entrar e ajoelhar-se.
Uma vez, estava em casa com uma outra focolarina e devíamos ir à missa. Precisava descer quatro andares. Eu, que estava olhando o relógio, achava que se nós não fôssemos mais rápidas, talvez corrêssemos o risco de entrar com um pouco de atraso na igreja.
E a minha amiga, que saiu por último, tinha de trancar a porta. Eu achava que ela estava indo devagar demais e eu não queria chegar atrasada à igreja por causa dela.
Assim, desci depressa todos os degraus até lá embaixo. E a consciência me dizia – era como se Jesus que, através da consciência, me dissesse: “Não me interessa nada a sua missa, não me interessa nada o seu desejo de fazer a vontade de Deus; a mim interessa a caridade para com a sua irmã e que você se apresente a mim junto com ela”. Porque o Evangelho diz: “Antes de tudo a caridade”, antes da missa, antes da comunhão, antes de rezar o terço, antes de adorar o Santíssimo Sacramento, antes de qualquer ação mais nobre. Não vale nada! Uma só coisa é necessária: o amor. Então, parei, voltei, fui procurar a minha amiga, depois desci a escada, mas com a alma serena, tranqüila, com a paz, a paz.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A CERTEZA DE QUE ELE NOS ENTREGARIA ESSE MUNDO

Trecho do livro "Ginetta. Uma VIDA pelo IDEAL da UNIDADE", pg. 171
Quando Chiara me chamou e disse: “Será você a abrir um centro do Movimento no Brasil”, a partir daquele momento comecei a pensar: Não seria melhor, talvez, que fosse outra pessoa no meu lugar? Mas não disse nada a ninguém, só comecei a rezar; rezava três terços por dia: os mistérios gozosos, na intenção da unidade das Igrejas; os dolorosos, pela unidade com os que não crêem; e os gloriosos, pela unidade no interior da Igreja Católica. E isso para que se cumprisse a vontade de Deus bem, para que não fosse uma permissão Dele.
No dia da viagem, diante daquele navio, Andrea C, a um certo momento ouvi um aviso pelo alto-falante. Esperava ouvir: “Atenção, atenção, senhora Ginetta Calliari, deve voltar para Roma!” Mas não era, o aviso não tinha nada a ver comigo.
Entramos no navio e quando estávamos na metade do caminho, no coração do oceano, mais ou menos, perto da linha equatorial, ouvi uma campainha, como se fosse um telefone, que vinha do andar de cima da cabine. Como era a primeira vez que viajava para tão longe, ingenuamente pensei: Vai ver que vão me chamar.
Depois, uma vez em Recife, cada vez que chegava o correio, eu sempre esperava que nas cartas me dissessem que devia voltar. Enfim, estava sempre na atitude de quem iria voltar, ao mesmo tempo, porém, pronta para permanecer por toda a vida e, portanto, fazendo bem todas as coisas.
Desde o começo, nos sentimos esposas de um Deus, que é dono do mundo. Portanto, tínhamos certeza de que Ele nos entregaria o mundo. Eu sabia que chegaria o momento no qual Ele faria isso.
Se Ele tivesse deixado a escolha a mim, teria escolhido o Norte da Itália, Roma, talvez, porque nunca gostei do calor, e também como minha mãe era mais alemã do que italiana, recebi uma educação marcada pela precisão, pela seriedade, pela organização, todas essas coisas. E depois, tinha certa facilidade com as línguas; eu gostava da língua alemã.
Mas Chiara não nos convidou para escolher. Chiara, a um dado momento, nos disse que íamos sair da Europa para levar o Ideal a outro continente, a América. Qual nação? O Brasil. Cidade? Recife. Pensando na minha formação espiritual, precisava sentir o calor – porque, normalmente eu não queria o calor. A pontualidade. Eu tive de me desapegar dessa minha característica, desapegar mesmo, e tenho ainda de me desapegar. Estar no Recife significava conviver com essas pequenas coisas que eram difíceis para mim.
Antes de desembarcar do navio, fui pedir permissão para entrar onde estão as caldeiras, porque queria ver se resistia ao calor – eu sabia que estávamos indo bem para a linha equatorial.
Por ocasião do primeiro Natal que passei no Recife, no Colégio Santa Catarina, havia na sala uma árvore de Natal com algodão no lugar da neve. Lembro sempre que ali fazia tanto calor que eu tinha vontade de colocar as mãos em cima daquele algodão, porque parecia ser frio.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

EU TAMBÉM TENHO UM ESPELHO

Trecho extraído do livro “Ginetta. Uma vida pelo IDEAL da UNIDADE”, pg 104


Eu tinha só uma colega naquele escritório, os outros eram rapazes. Ela guardava um espelhinho na gaveta da sua mesa e, como vinham muitas pessoas para serem atendidas no guichê, ela gostava de agradar a todos aqueles que iam ali, ou então de fazer-se notar... E abria a gaveta, se olhava no espelhinho, se ajeitava um pouquinho, para ver se estava bem, e depois sorria para todo o mundo.
Vejam só! Não dá para imaginar o bem que ela me fez! Vou contar de que modo. Todas as vezes que ela se olhava no espelhinho, eu me lembrava de que também eu tenho um espelho, que é Jesus; tenho de me lembrar de ver Jesus em cada um, em cada um, fechar os olhos para o negativo que pode existir nas pessoas e ver Jesus. Era uma ginástica constante! E olha que ninguém escapava de minha colega. E talvez, para mim, houvesse um ou outro que passava sem eu perceber. Disse a mim mesma: De hoje em diante não pode mais escapar de mim nenhuma pessoa. E assim como Chiara nos tinha ensinado a colocar todos no Coração de Jesus, passava um, passava outro e eu dizia a mim mesma: Vamos colocá-los no Coração de Jesus.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

POEMA A GINETTA

Ginetta
Uma estrada se abriu
Toca a terra e toca o céu
É o teu amor incandescente
Fogo aceso, permanente
Que alimenta o nosso ser
Tuas palavras sempre vivas
Teu exemplo que arrasta
Tua radicalidade
Continuam a nos guiar
Os teus filhos, dia a dia,
Falam de imensa alegria
Que é sentir-te em meio a nós
Sim, Ginetta
Tu ficaste
E conosco continuas
Chama viva
Caminho aberto
Que ao Pai nos reconduz.

R.A. (8.3.2002)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A GINETTA

Uma estrada se abriu
Toca a terra e toca o céu
É o teu amor incandescente
Fogo aceso, permanente
Que alimenta o nosso ser
Tuas palavras sempre vivas
Teu exemplo que arrasta
Tua radicalidade
Continuam a nos guiar
Os teus filhos, dia a dia,
Falam de imensa alegria
Que é sentir-te em meio a nós
Sim, Ginetta
Tu ficaste
E conosco continuas
Chama viva
Caminho aberto
Que ao Pai nos reconduz.

R.A. (8.3.2002)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A Ginetta Calliari


Gigante foste na espiritualidade
Incomensurável na arte de amar
No Ideal modelo de unidade
E a Chiara sempre a encantar
Totalitária na fidelidade
Tendo radicalidade no amar
Ao Abandonado foste esposar

Com o coração eras brasileira
Ao crucifixo vivo Tua consagração
Legaste a todos Sabedoria verdadeira
Liame de amor entre os irmãos
Intuíste unidade na Política brasileira
Aclaraste a Economia de Comunhão
Rejubilaste Cidadelas oh grande conselheira!
Imortal Ginetta ficaste no nosso coração e na terra brasileira!

G.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A GINETTA

ALMA DE DEUS

Toda Nele projetada
Dele totalmente encantada
Emanava amor, essência do Céu
Passava Maria quase sem véu

Virgem e mãe
Tantos filhos gerou
Filha predileta
À unidade arrastou

Da sua gente sofrida
Fez um povo novo
Uma oferenda, toda a sua vida
Até o fim ela amou

Hoje arrebatada ao Céu
Um imenso vazio foi deixado
Mas de lá ela nos adverte
Acreditem, o vazio ... já foi completado.
_________________________________________
ORIGINAL EM ITALIANO:

ANIMA DI DIO

Tutta in Lui proiettata
Di Lui talmente incantata
Sgorgava essenza di cielo
Parlava Maria quasi senza velo

Vergine e madre
Tanti figli ha generato
Figlia diletta
All’unità ha trascinato

Della sua gente sofferta
Ha fatto un popolo nuovo
Tutta la vita, un’offerta
Fino alla fine ha amato

Oggi rapita dal Cielo
Un immenso vuoto ha lasciato
Ma di lassù lei ci avverte
Credete, il vuoto... è già colmato.

V.L.
______________________________________

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A GINETTA

Você me ensinou tanto...
- amar sem medidas
- recomeçar infinitamente
- a perdoar,
- a ter esperança sempre
- a sorrir, mesmo quando a lágrima era imperiosa e justificada
- a lutar, saboreando a luta
- a crer no homem, além das estruturas
- a esperar pelo "tempo do outro" ...
- a não perder de vista a meta, o objetivo.
Você me ensinou tanto ...
- a acreditar em mim, e sobretudo na força de Deus em mim
- a partilhar o pão, as dores e a alegria
- a enxugar lágrimas, dividir dores, devolver esperança
- a superar cada limite, todo trauma,
- a enfrentar a vida, com a dignidade de quem sabe que é amado
- a não parar nos erros e nos limites
- enxergar longe, mirar alto ...
Você me ensinou tanto...
- amar o meu país,
- a crer na política, nos políticos e sonhar com dias melhores
- não julgar nunca
- vibrar com as conquistas minhas e dos irmãos,
- a ter força, coragem e fé
- ser mãe, esposa e mulher
Você me ensinou tanto ...
- a alegria de dar, mas com generosidade saborear
- saborear a presença de Deus entre nós ...
- cortar com os apegos e voar livremente
- o que é ter uma Mãe no céu, e uma Mãe na terra
- ter diante de si um Único Mestre
- a seguir e atuar uma única palavra, para realizar a Obra.
- a oração potente
- a fé que remove montanhas
- a doçura e a alegria de sermos irmãos e amigos.
Você me ensinou tanto ...
Você só não me ensinou a superar a dor da saudade.
Porém, se a tua vida é Luz para mim
Nesta dor encontro a resposta, e a união mais profunda contigo
Porque, mais do que tudo, você me ensinou a ser fiel a Jesus Abandonado
Teu, meu, nosso eterno esposo.
Obrigada Ginetta!!!
D.P.B.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Versos para Ginetta

Eis alguns versos livres
escritos por José Ferreira de Souza
por ocasião do falecimento de Ginetta.


SE
Seria um céu sem estrelas
Uma festa sem música
Araceli sem Ginetta
Se não fosse o Ideal
E este vivido por ela.

Como são belas
Essas lágrimas luminosas
Como gotas de orvalho
Iluminadas pelo sol.
Como ela só sabia fazer.
Foi assim que viu o seu Brasil crescer,
Como pétalas de rosas, de todas as cores.
E, de raquíticos que éramos,
Atrizes e atores.

E, com a força da fundadora, forma fundadores...
Tem pressa, mas não se apressa.
Eis o desafio:
Na velocidade da correnteza de um rio em direção à foz.
Fascina todos nós, seus filhos, sem distinção!
Foi assim que esta nação nasceu.
Apareceu: Economia de Comunhão, Mariápolis Permanentes, Pólo Empresarial, o mundo da política, obras sociais...
E algo a mais:
Uma imponente igreja dedicada a Jesus Eucaristia,
Como garantia de um poço com o seu sobrenome.

Pouco a pouco vai plasmando nova terra, novos céus.
Resultado progressivo de uma fecunda esposa do Abandonado,
O seu “Crucificado vivo”. É fantástico! É fantástico!
Comparada com os astros:
Eis aí a prova mais elegante!
Jamais foi vista minguante,
Mas sempre crescente, cheia e nova.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

REVIVENDO EPISÓDIOS MARCANTES

TRANSCREVEMOS O DEPOIMENTO DE GIS CALLIARI, IRMÃ DE GINETTA,
NO DIA 8 DE MARÇO DE 2001, APÓS A MISSA DE CORPO PRESENTE.
Ginetta, como muitos de vocês sabem, é minha irmã.
Dois anos mais velha do que eu, nasceu em Trento, em 15 de outubro de 1918, numa família, séria, sadia, de fé profunda.
Éramos muito unidas desde pequenas, também nas travessuras de criança.
Trabalhamos juntas numa empresa perto de Veneza, cujos proprietários nos consideravam como filhas e tinham a intenção de, um dia, nos tornarem herdeiras de tudo.
Lembro-me daquele período, do nosso sofrimento ao constatar as desigualdades sociais em relação aos camponeses e aos empregados.
Um dia, recebemos o cartão postal de uma amiga de Trento, que nos falava de Deus como aquele que vale mais do que tudo.
Foi como um chamado Dele. Decidimos deixar tudo (preparando-nos às escondidas para que não nos impedissem de partir) e voltamos para Trento.
Alguns dias depois, as bombas destruíram aquela estrada...
Em 1944, o encontro com Chiara.
A adesão foi imediata, total, e Ginetta logo ficou com Chiara, desde o início, na Praça dos Capuchinhos.
Mais tarde, em 1948, quando Chiara foi para Roma, confiou Trento a Ginetta e, a partir dali, o Ideal se espalhou pelas cidades vizinhas: Veneza, Pádua e, em seguida, Milão, Turim e todo o Norte da Itália.

Ginetta ia a essas cidades, amava, falava, conquistava e surgiam focolarinas, focolarinos, comunidades inteiras.
Chiara recorda que a primeira experiência de comunhão de bens, ainda na comunidade de Trento, está ligada a Ginetta. Ela mesma queria ter ido falar sobre este assunto num encontro, mas, na última hora, por um imprevisto, enviou Ginetta com uma carta sua. O efeito foi surpreendente e imediato. As pessoas se despojaram logo de tudo e entregaram a Ginetta o que tinham: dinheiro, relógios, frutas, verdura, ovos, tudo!
Começou, então, o uso do caderno no qual se anotava, de um lado, o que se recebia e, do outro, as necessidades; com uma relação da providência, que era sempre muito abundante – o que dava muita alegria a Chiara.
Era um dos primeiros sinais da fé carismática de Ginetta, fé total na palavra de Chiara, que se traduzia em atuar imediatamente e com alegria o que ela dizia. É essa fé que deu origem a inúmeros milagres – podemos dizer – até o florescimento da Economia de Comunhão que, tendo nascido do coração de Chiara aqui na Araceli, teve o seu grande e surpreendente desenvolvimento justamente graças à fé concreta e atuante de Ginetta.

Em 1958 e 1959, ela foi uma das primeiras a atravessar o oceano.
A partir daquele momento, falar em Ginetta e falar em Brasil é a mesma coisa.
Quantas vezes ela nos contou que, quando foi se despedir de Chiara, esta lhe disse: “Não lhe dou um crucifixo dos missionários, eu lhe dou um crucifixo vivo: Jesus Abandonado”.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

UM FATO RARÍSSIMO, FASCINANTE

TRECHO DO LIVRO "GINETTA. UMA VIDA PELO IDEAL DA UNIDADE"

1944. O meu ideal é essa grande Luz

Depois de não sei se quinze dias, numa tarde de domingo, durante a novena da Imaculada, a mesma irmã me disse:
– Eu fui a uma casa onde havia um grupo de jovens; essas jovens, a um certo momento, entraram num quarto, abriram as portas de um armário, as gavetas de outro móvel e começaram a tirar o que estava ali: este capote é demais, esta saia é demais, este casaco também, esta blusa... E colocavam essas roupas uma em cima da outra, no chão no meio do quarto.
Entre elas havia outra jovem com uma lista de endereços, marcando os nomes das pessoas às quais iriam dar aquelas roupas.
Este fato revolucionou toda a minha vida. Disse à minha irmã:
– Mas que estupendo é aquilo que você me contou! Eu acho que é maravilhoso, é extraordinário! É um fato raríssimo, é fascinante! Gostaria de conhecer o sacerdote que dirige espiritualmente essas pessoas. Isso se estenderá ao mundo inteiro, porque é fato e não tagarelice!
O que aconteceu dentro de mim? Todos aqueles ideais que eu tinha – a arte, a música, a filosofia, a montanha – eu os vi desaparecerem todos como chama de vela ante o despontar do Sol. E uma grande luz invadiu a minha alma, tomou posse do meu ser, e vi que aquela luz era Deus! Naquele instante disse a mim mesma: “Não, o meu ideal não é a música, não é a filosofia, não é a montanha. O meu ideal é essa grande luz, o meu ideal é Deus. Eu quero escolhê-lo como o tudo da minha vida”.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O SONHO SE TORNA REALIDADE

Trecho extraído do livro "Partono i Bastimenti", de Matilde Cocchiaro, Editora Città Nuova, 2009

O tempo passa e Ginetta ainda não pode fazer parte definitivamente do focolare por causa do não categórico da mãe. Apesar de tudo, não se rende e procura alcançar o seu objetivo. Tem idéia, então, de falar com o confessor e o faz com tal fervor que, por fim, ele decide ir pessoalmente convencer a mãe. Diante do pedido de permissão para as duas irmãs (Ginetta e Gis, ndt), a mãe toma um susto tão grande que decide dar a permissão ao menos para a mais velha (Ginetta, ndt).
Creio que estava no auge da felicidade – ela conta – quando corri até Chiara para comunicar-lhe a notícia. Imediatamente ela me confiou a tarefa de dar início a um novo focolare na localidade “Goccia d’oro”, na casa dos seus pais.
Ginetta, sempre pronta a obedecer, imediatamente carrega sobre um carrinho o seu dote: a cama, o guarda-roupa, uma mesa e uma cadeira, e empurra tudo isso até o outro lado da cidade, ajuda por um menino que, como ela, não se envergonha dos olhares divertidos dos transeuntes. Com aqueles poucos móveis decora os dois ambientes à disposição. (...) No momento está só, mas logo chegam Graziella De Luca, Natalia Dallapiccola e Vale Ronchetti, três dentre as primeiras companheiras de Chiara. (...)
No entanto, Ginetta não fica muito tempo nessa casa: logo lhe chega a solicitação de transferir-se para a Praça dos Capuchinhos, com Chiara.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

ENTREVISTA COM GINETTA CALLIARI - REVISTA CIDADE NOVA, AGOSTO 1997 - 1ª parte

Cidade Nova: Qual era seu projeto de vida, e o que mudou após o encontro com Chiara Lubich?

Ginetta Calliari:
Nasci numa família católica e minha mãe nos deu uma formação cristã. Muitas vezes, quando eu era criança, saía de casa sem dizer nada a ninguém e ia à igreja. Ficava lá, com Jesus Eucaristia, a quem chamava de Deus vivo. Mas havia um grande contraste, por exemplo, entre essa minha exigência e o meu comportamento em casa. Eu não ajudava em nada e, por ter uma personalidade muito forte, todos deviam ceder às minhas vontades.
Tinha muitos ideais. Era apaixonada pela arte, pela música, por tudo o que fosse expressão de beleza. Era sedenta de verdade e amava as “minhas” montanhas! Para mim o homem valia pelo que sabia, pelos seus conhecimentos. Dedicava todo o meu tempo livre ao estudo e à leitura.
Quando conheci Chiara, aconteceu uma revolução em mim. Todos esses meus ideais desapareceram como chama de vela diante do sol. Uma grande luz invadiu a minha alma, tomou posse do meu ser. Entendi que aquela luz era Deus. Compreendi profundamente que o meu ideal na era mais a arte, a música, a filosofia, as montanhas... O meu ideal era Deus. E o escolhi como “o tudo” da minha vida. Começou, para mim, uma aventura maravilhosa!
Naquele momento, dei-me conta de que o meu amor por Deus, até então, tinha sido puro sentimentalismo. Descobri que a medida desse amor deveria ser a medida do meu amor para com o próximo. Comecei a amar minha mãe, a ajudá-la a lavar a louça, a varrer a casa, comecei a ajudar as minhas irmãs... Não existia mais o simpático e o antipático, o mais inteligente e o menos inteligente, o saudável e o doente: Jesus estava presente em todos. Ao ler o Evangelho, entendi que é necessário amar os inimigos, fazer o bem a quem nos faz o mal... Entendi que eu poderia chegar a Deus através do irmão.

Cidade Nova: Após alguns anos com Chiara, você veio ao Brasil. Como isso aconteceu?
Ginetta Calliari: Em 1958, duas focolarinas e um focolarino vieram para a América Latina com uma missão: escolher o lugar mais adequado para dar início ao Movimento. Visitaram Recife, São Paulo, Montevidéu e Buenos Aires. Analisando objetivamente, o lugar menos indicado era Recife: um clima quente demais para europeus. Porém, na viagem de volta, problemas técnicos levaram o avião a fazer um pouso de emergência nessa cidade, onde ficaram alguns dias.
Foi a oportunidade para um verdadeiro encontro! Nele, um pequeno grupo de pessoa decidiu ir à Itália com o objetivo de conhecer melhor o Movimento. Não eram ricos, não tinham dinheiro, mas fizeram uma grande comunhão de bens e conseguira viajar! Eram todos de Recife... Isso foi o sinal de que aquela era a cidade mais adequada para tornar-s o berço do Movimento no Brasil e em toda a América Latina.
Pouco tempo depois, Chiara me chamou e me comunicou que eu deveria vir para cá. Não se tratava de uma viagem breve, tratava-se de abrir dois centros do Movimento no novo continente; um masculino e um feminino.
Numa conversa pessoal com Chiara, ela me entregou um crucifixo. Não um crucifixo de madeira, como os dos missionários que partem em missão, mas um crucifixo vivo, Jesus crucificado e abandonado que grita: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”.
Vim para o Brasil com a missão de apresentar Jesus crucificado e abandonado ao povo brasileiro. Vim para dar testemunho de que aquele Deus que muitos pensam poder encontrar somente na outra vida está aqui, presente entre nós, dentro de nós, ao nosso lado: podemos falar com ele sempre!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

QUE DIREÇÃO DAR À PRÓPRIA VIDA?

Trecho extraído do livro "Partono i Bastimenti", de Matilde Cocchiaro, Editora Città Nuova, 2009


Ginetta, ainda muito jovem, começa a refletir sobre sua vida futura. O casamento lhe agrada, mas ao mesmo tempo sente-se atraída por uma existência entregue totalmente a Deus. Quando ainda era uma pré-adolescente, no dia da festa de São Luiz escuta falar dele como o "santo da virgindade". Escreve: Uma frase ficou impressa em mim: os virgens, quando entrarão no Paraíso, seguirão o Cordeiro por toda parte. Com a fantasia de uma jovem, imagina-se passeando no Reino dos Céus com muitos outros virgens. Mas aquilo que mais me atraia era que esses virgens cantavam "um hino", uma canção maravilhosa, conhecida só por eles. Essa idéia exerce um fascínio especial em Ginetta que, desde pequena, demonstra uma sensibilidade acentuada para a arte e para a música. Dias depois, escutando a mãe que fala com uma amiga sobre o futuro das filhas, ela intervém com seriedade e convicção: Mamãe,eu não me casarei.
Naquele período, a morte do pai marca a sua vida de uma maneira muito forte. Não consegue se conformar. Volta à sua mente a generosidade, o bom exemplo: os ensinamentos dele estão diante dela como pontos luminosos e empurrões que a impulsionam a fazer o mesmo. Estava sempre pronto a ajudar os outros, inclusive economicamente, sem se preocupar com os próprios interesses. Uma vez, para salvar um parente da falência, não hesita em tirar do próprio bolso. AS filha, no entanto, nunca o tinham escutado reclamar.
A lembrança do dia em que o pai teve de ser hospitalizado é vivo no coração de Ginetta. (...) As filhas, dando turno com a mãe, vão sempre visitá-lo. Que choque para todas quando, um dia, chegando no hospital, recebem bruscamente a notícia pelos médicos: "O papai havia falecido repentinamente". Pensar – escreve Ginetta – que naquele último momento ele estava sozinho, pra mim foi uma dor ainda maior.
Esse sofrimento tão duro faz com que ela sinta de passar de maneira brusca e violenta da despreocupação da infância para a maturidade.
Profundamente provada, a família se une de maneira muito mais forte, procurando ajudar-se. Eram tempos muito difíceis, mas a mamãe, trabalhadora como era, nunca nos deixou faltar nada. Com a sua ajuda, Ginetta pôde continuar os estudos e receber o diploma de professora primária.
Ela está na idade das primeiras e importantes escolhas: Eu me lembrei daquelas palavras que havia escutado de criança: "Seguirão o Cordeiro... cantarão um hino, por toda a eternidade". E como um imperativo: Não, eu não me casarei! Gostaria de realizar esse sonho fascinante: "Segui-Lo na terra e por toda a eternidade".
Logo começa a procurar trabalho indo bater, sem se envergonhar, em muitas portas. Em pouco tempo consegue um lugar como professora na escola materna de Villamontagna, na periferia de Trento e, durante as férias, um trabalho como inspetora numa colônia do Estado. Ginetta percebe a presença de Deus nos acontecimentos cotidianos e o amor de um Pai que cuida dela. Inclusive o vazio deixado pelo pai é preenchido, e experimenta paz e segurança.
Nunca me senti órfã – escreve – porque descobri que sou filha de um Pai que em todas as ocasiões me revelava a Sua presença protetora. Até mesmo a vaga de trabalho como professora primária lhe parece um presente Dele e se empenha com entusiasmo, sem medir sacrifícios. Levanta-se bem cedo e percorre à pé os quilômetros que a levam até Villamontagna, passando por Cognola e Tavernaro. Na bolsa, leva o lanche e o almoço, pois volta para casa somente no fim da tarde. Ela gosta muito dessas caminhadas; no silêncio, em contato com a natureza, pode se recolher e rezar, encontrando um relacionamento sempre novo com Deus e com Maria. São momentos preciosos que lhe dão a possibilidade de saborear uma felicidade tão grande que a faz se sentir “dona do mundo”. (...)
Para ela, é um período de profundas reflexões. Mais madura, o questionamento sobre o próprio futuro apresenta-se seriamente. O matrimônio já estava descartado no seu coração. Mas não sente a vocação para as outras estradas (convento, etc.). Para Ginetta é um drama, pois não encontra nada condizente com o que sente. (...) Nem imaginava que Ele teria encontrado para mim uma estrada tão nova!
(...) Encontra outro trabalho como professora, com um salário melhor, numa escola infantil em San Michele all’Adige, distante de Trento. Devido à distância, passa a semana em San Michele, num quarto alugado. É a primeira vez que fica fora de casa, mas não tem dificuldade de inserir-se no novo ambiente. Ali também havia uma igreja, e um sacrário – escreve –; na bolsa tenho o crucifixo de ferro: meu companheiro inseparável... para mim, ter Deus era ter tudo!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

"QUEM NÃO DÁ TUDO, NADA DÁ"

Trecho extraído do livro "Partono i Bastimenti", de Matilde Cocchiaro, Editora Città Nuova, 2009

"Quem não dá tudo, nada dá!", Chiara tinha lhe dito isso comentando a frase "Amarás o Senhor teu Deus com todo o coração, com toda a mente, com todas as força e o teu próximo como a ti mesmo". E, para explicar-se melhor, deu um exemplo: "Você não pode dizer que deu uma bolsa a um pobre se continuar a segurá-la nem que seja só por um cantinho. Assim, Deus não pode pegar o que lhe dizemos oferecer se ainda seguramos em algum ponto". Estas palavras realizam em Ginetta uma mudança profunda e verdadeira: finalmente ela entende que Ele quer tudo e lhe pede esse tudo através do amor concreto aos irmãos. Os outros interesses passam a ter uma ordem que é conseqüência disso, de acordo com as exigências da caridade, que dá cor e significado às ações do seu dia. No início, não é fácil para ela permanecer fiel a essa lógica divina, freqüentemente tem de enfrentar o seu caráter explosivo. Um dia, por exemplo, não consegue controlar-se e trata mal a sua irmã Gis. Consciente do erro cometido e arrependida sinceramente entra na igreja, como costumava fazer, com a intenção de confessar; não encontrando o sacerdote, ajoelha-se no último banco. Um certo mal-estar a impede de ocupar o primeiro lugar, diante do Sacrário. Com o rosto entre as mãos está para pedir perdão a Jesus, mas percebe com clareza na alma a resposta Dele: "O que você veio fazer aqui? Certamente você faltou de caridade para comigo, mas em Mim na sua irmã. Vá até ela e diga o que gostaria de ter dito aqui agora".

Ginetta volta para casa e depois de uma luta dura consigo mesma, porque lhe custa humilhar-se, por fim consegue pedir desculpa a Gis. Após esse simples gesto, eis que novamente experimenta a serenidade e uma paz mais profunda. A partir desse dia, antes de dormir, as duas irmãs pedem desculpa reciprocamente, para cancelar - se houvesse - qualquer pequena sombra e ter certeza de que houvesse entre elas o mais perfeito acordo. Ginetta compreende cada vez mais, porque faz a experiência, o significado profundo das palavras do Evangelho e sua irmã é arrastada nessa sua nova aventura.
Começa, então, a prestar mais atenção a quem passa a seu lado e a ser mais prestativa em casa, renunciando com prazer aos seus programas quando é necessário. Também no escritório está mais pronta a amar concretamente os colegas e não hesita em levantar-se para fechar uma janela, para oferecer um copo de água ou a aceitar os trabalhos mais pesados. Está certa, desse modo, de demonstrar a Deus, com os fatos, o seu amor. Com esse esforço constante da vontade, percebe que, pouco a pouco, consegue dominar o próprio caráter com uma força nova.
Finalmente eu havia entendido que tinha de corrigir a minha antiga convicção - escreve Ginetta - O homem não vale por aquilo que conhece, mas por quanto ama! E procura fazer assim, para dar o valor justo à sua vida.
No escritório, na mesa em frente à minha, trabalhava um moça que em outros tempos teria me incomodado terrivelmente porque, emperiquitada ao máximo, continuava a se olhar no espelho e a ajeitar o cabelo ou a maquiagem... Mas, esforçando-me para ir além das aparências, recolhi da sua atitude uma grande lição; percebi que eu também tinha um espelho no qual me verificar. Era Jesus que me lembrava: "Olha que Eu estou em cada um desses próximos que estão ao teu lado".

segunda-feira, 5 de julho de 2010

LEVAR O IDEAL DA UNIDADE

TRECHO EXTRAÍDO DO LIVRO "GINETTA. UMA VIDA PELO IDEAL DA UNIDADE", pg. 115, Editora Cidade Nova.

(Foto do primeiro focolare, na praça Cappuccini, em Trento, Itália)
"Senhor, manda-me almas".
Como estávamos em tempos de guerra, faltava tudo, e Deus quis se servir de mim como instrumento para levar a providência ao primeiro focolare do mundo, na praça Cappuccini.
Como fazíamos parte da Ordem Terceira Franciscana, logo nos confiaram os pobres. A certo ponto, Chiara confiou a mim todos eles, e assim era eu que devia procurar a providência. Nesse tempo, eu ainda não morava no focolare. Todos os sábados, as primeiras focolarinas iam visitá-los levando aquela providência que chegava.
E Chiara ficava sempre feliz quando eu me apresentava com a providência! Mas um dia, ela me chamou de lado e me disse:
- Ginetta, gosto quando você chega com a providência, mas eu ficaria mais contente se você trouxesse outras pessoas.
A este ponto, tive a impressão de que Chiara estivesse me pedindo algo que ia além das minhas possibilidades, de que eu nunca teria podido dar uma resposta concreta a este pedido. E se não caí no chão naquele momento foi mesmo pela graça de Deus, porque tomei um susto...! Como se Chiara me dissesse: "Vamos ver se você é ou não é feita para nós".
Fui para casa e disse à minha mãe:
- Mãe, a partir de hoje não volto mais para almoçar em casa; vou ficar no escritório, porque tenho de fazer horas extras.
Tinha três horas de folga entre o expediente da manhã e o da tarde, das doze às três. Assim, organizei essas três horas: a primeira para escrever a pessoas que tinha conhecido na minha vida, para ver se no futuro seria possível transmitir-lhes essa minha escolha de vida, essa experiência. A segunda hora, para ler a vida dos santos - porque dizia a mim mesma: Não há um santo que não tenha conseguido criar ao seu redor uma família espiritual, uma comunidade. E os santos tornaram-se meus mestres. A terceira hora a transcorria em um igreja dedicada a Maria Menina, que estava sempre vazia. (...) Das duas às três eu ficava de joelhos diante do sacrário da igreja de Nossa Senhora Menina, pronunciando a mesma oração do santo Cura D'Ars, ligeiramente diferente: "Senhor, eu te amo, ma não te amo suficientemente; manda-me almas!" Mas era uma súplica, era como um gemido! Continuei, não sei por quanto tempo, a dirigir a Deus esse pedido. E aos poucos vi que uma jovem ou um adulto, ou... vinham me procurar para conhecer algo da minha vida, porque viram que eu estava tão diferente de como era antes! E assim se formou um grupinho ao meu redor.
Um dia Chiara me disse:
- Ginetta, quero conhecer aquele grupo de pessoas às quais você transmitiu a espiritualidade, o Ideal.
Fomos todas ao focolare, na praça Cappuccini. Chiara conversou com cada uma; depois, elas foram embora, e Chiara me disse:
- Ginetta, gostei de ter conversado com aquelas pessoas, fiquei contente! Se você tivesse me apresentado um grupinho de jovens, de adolescentes, teria dito que você não deu o Evangelho na sua pureza; se você tivesse me apresentado um grupo de velhinhas, teria dito a você a mesma coisa. Ouvindo-as, percebi que você deu a elas o Evangelho puro, não um Evangelho diluído, mas o Evangelho puro!

terça-feira, 29 de junho de 2010

DEUS ABRIRÁ OS CAMINHOS

Trecho extraído do livro "Partono i Bastimenti", de Matilde Cocchiaro, Editora Città Nuova, 2009

O Brasil é um país imenso: oito milhões e meio de quilômetros quadrados e 173 milhões de habitantes. Alternam-se áreas enormes recobertas de florestas e cidades super populadas. Há uma população bem diversificada, que foi se formando no curso da sua história. Compreende os indígenas, os portugueses, que no século XVI impuseram a sua colonização, os escravos negros deportados em massa da África, os colonizadores holandeses no Nordeste. A seguir, ondas migratórias dos últimos dois séculos: italianos, espanhóis, alemães... É um País de tradições ricas, que busca seu lugar entre as grandes nações. A sua população, mesmo se etnicamente muito variada, é muito unida. O povo brasileiro é alegre, mesmo em meio às desigualdades sociais.
Partem por mar quatro focolrinos e quatro focolarinas (Ginetta, Violetta Sartori, Fiore Ungaro e Marisa Cerini; Marco Tecilla, Rino Chiaperin, Gianni Busellato, Enzo (Volo) Morandi. (...) Marco assim recorda aquela viagem aventurosa: "Doze dias de navegação... No dia 5 de novembro (1959) chegamos ao porto de Recife".
No Brasil, os problemas sociais são muito graves: após um período de ditadura militar, a democracia está abrindo caminho, mas a economia não consegue estar ao passo e o desemprego atinge níveis muito sérios e, com isso, cresce a pobreza. Ginetta e os focolarinos estão conscientes do que está acontecendo ao redor deles, mas o Ideal pelo qual vivem e se esforçam por transmitir a muitas pessoas, é tão forte que preenche totalmente a vida deles. Certos de que Deus pode guiar o destino da história, vão adiante sem olhar demais pra cá ou pra lá, amando concretamente e partilhando pesos e sofrimentos com aqueles que encontram.
"A nossa é uma revolução - repete Ginetta - mas conduzida com a arma mais potente: o amor que Jesus trouxe à terra".
A pobreza que se vê em toda parte a choca profundamente. Ela escreve: "Com o passar dos dias começo a observar, pelas ruas de Recife, a realidade social que nos circunda. Eu achava que já conhecia, através dos meios de comunicação, a miséria na qual vive grande parte da humanidade, mas constatar diretamente a profundidade do problema, foi muito diferente. Não havia imaginado nunca uma desigualdade social nas dimensões em que encontrei aqui".
De fato, a pobreza e a miséria que se encontram na periferia estão em enorme contraste com a beleza da cidade, conhecida como "a Veneza brasileira".
Aos poucos, os nossos amigos começam a descobrir o drama de milhares e milhares de pessoas de todas as idades que, atraídas pela miragem da "grande cidade", para ali se dirigiram vindos dos vários cantos do país, com a esperança de poder conduzir uma vida mais digna. No entanto, após experiências várias e dolorosas, viram-se em condições totalmente precárias: vivendo nas ruas, embaixo de pontes, em aglomerados e barracas imundas. E o que mais impressiona Ginetta é constatar como tudo, naquela cidade, esteja programado em favor de uma minoria, que pode usufruir de muito mais do que aquilo que é necessário, de um super abundante supérfluo. De um lado estão os proprietários de grandes riquezas que gozam de todas as vantagens, do outro, a maioria anônima, sem direitos, cuja dignidade e valor humano são completamente ignorados.
Um dia, passando diante de uma esplêndida mansão, chamou sua atenção a figura de um homem, magro, sujo, mal vestido, de pés descalços, concentrado em lavar, folha por folha, uma planta tropical magnífica. Pela sua palidez dava para intuir o estado de desnutrição. Há uma diferença abissal entre a casa na qual ele trabalha, espaçosa, cheia de vitrôs, com um jardim magnífico, e a sua barraca sem janelas, numa região menos favorecida da cidade. Com sofrimento, ela pensa: "Patrões que consideram os seus empregados menos importantes do que uma planta... Que contraste!". E escreve: "Ao lado da cidade da opulência, a cidade da miséria, onde reinam desnutrição, cansaço, doenças... Mas o que me faz sofrer mais é constatar a insensibilidade dos ricos diante do sofrimento dos pobres".
Ginetta gostaria de sacudir com força a consciência dos ricos, bater de casa em casa e chamar a atenção para as enormes injustiças. Mas, pergunta-se: "O que vou conseguir desse jeito? Somente gozações e portas fechadas no rosto". Nem ela nem seus amigos vindos da Itália têm possibilidades financeiras ou empregos a oferecer, sentem-se impotentes diante da vastidão do problema. Somente Deus pode transformar os corações dos homens: dos ricos e dos pobres, dos chefes e de todos, e realizar uma autêntica revolução social. "Não um Deus abstrato, relegado ao Céu, mas aquele Deus que tínhamos aprendido a ter vivo entre nós, com o nosso amor recíproco, vivendo as Suas Palavras. Qual, então, pode ser o nosso compromisso? Testemunhá-Lo presente em uma comunidade de pessoas prontas a dar a vida uma pela outra. Então, Ele nos abrirá os caminhos".

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A FILHA DO PÓS-GUERRA

Trechos extraídos do livro "Partono i Bastimenti", de Matilde Cocchiaro, Editora Città Nuova, 2009

Ginetta Calliari nasce em Trento no dia 15 de outubro de 1918. O pai, Giovanni, é ferroviário da estação de Lavis. A mãe, Fortunata Furlan, dedica-se aos trabalhos domésticos. Uma família unida, católica, totalmente dedicada à formação humana e cristã das três filhas: Lívia, Luigia, chamada pelo diminutivo Ginetta, e Gisella (Gis), que recebem sólidos princípios morais dos pais.
A mãe, mesmo sendo uma mulher simples, ama a literatura e passa horas lendo poetas e escritores de todos os tempos; e, justamente por esse seu amor pelas coisas belas e grandiosas, aprecia muito a vida e os escritos dos santos. E preocupa-se com a preparação religiosa das filhas.
Todas as noites a família se reúne para rezar o terço, e as meninas ficam de joelhos nas cadeiras de madeira da cozinha. No mês de maio, com a fantasia das crianças, revivem os vários mistérios que a mãe lê; Ginetta, orgulhosa da sua tarefa, entoa a Ave Maria.
Habituei-me logo cedo - escreve - a ter um relacionamento direto com Jesus, com Maria, com as almas do Purgatório que, seguindo o exemplo da minha mãe, eu também queria ajudar a alcançarem rapidamente o Paraíso.
(...) Ginetta ama a liberdade e quer se sentir independente. (...)

Certa vez, o papai lhe pede para ajudá-lo a limpar a tina onde deveria ser amassada a uva para o vinho. Sendo pequena teria entrado facilmente no grande recipiente para lavá-lo melhor na parte interna, mas Ginetta não achava que fosse um trabalho adequado para ela: tem medo de ficar sufocada ali dentro. Assim, sai correndo, seguida inutilmente pelo pai. Pouco depois, porém, arrepende-se ao ver a sua irmãzinha entrar na tina, e realiza serenamente aquele trabalho, com docilidade e atenção, como se estivesse brincando.
(...) Na família a definem de "a filha do pós-guerra" pela sua força, por ser irriquieta e pela rebelião do seu caráter.
(...) Um dia, vendo um pobre velho que carregava com esforço um carrinho, sente tanta compaixão que chega a se comover. Os tios, que estão presentes, comentam: "É só uma criança, mas em relação às pessoas que sofrem ela tem um amor e um respeito mais do que um adulto. Realmente ela tem um grande coração!"
Passeando pelo bosque com o tio, Ginetta encontra, entre as folhas secas, uma cruz de metal que, lustrada cuidadosamente, conserva como um objeto precioso. O tio fica surpreso com esse gesto e com a alegria que aquele crucifixo suscitou nela. Para ela, é como se Jesus mesmo, por meio daquele sinal, quisesse ser encontrado naquela estrada. Fica mais contente ainda, quando uma amiga da família lhe dá de presente um crucifixo maior, que ela conserva como um companheiro inseparável.
(...) Embora sendo ainda muito jovem, Ginetta Começa a refletir sobre sua vita futura. O matrimônio lhe agrada, mas ao mesmo tempo se sente atraída por uma existência usada totalmente para Deus. Quando ainda era adolescente, no dia da festa de São Luiz, ouve falar dele como o "santo da virgindade". Escreve: Uma frase ficou impressa em mim: os virgens, quando entrarão no Paraíso, seguirão o Cordeiro por toda parte. Com a fantasia de menina, imagina-se passeando pelo Reino dos Céus com muitos outros virgens. Mas aquilo que mais me atraía era que esses virgens cantavam "um hino", uma canção maravilhosa, conhecida somente por eles. Essa idéia exerce um fascínio especial em Ginetta que, desde pequena, demonstra possuir uma sensibilidade aguçada pela arte e pela música. Dias depois, escutando a mãe que conversa com uma amiga sobre o futuro das filhas, intervém com seriedade e convicção: Mamãe, eu não me casarei!

segunda-feira, 31 de maio de 2010

GiNETTA Uma divina aventura

ENTREVISTA CONCEDIDA À REVISTA CIDADE NOVA - EDIÇÃO PORTUGUESA
Lisboa, janeiro/fevereiro de 1998


"Sou a pessoa mais feliz deste mundo, porque Deus é tudo para mim. Não um Deus abstrato, acima das nuvens, mas um Deus concreto, que está ao meu lado».
Com a autoridade de quem teve a coragem de arriscar tudo por um ideal que jamais a ecepcionou, Ginetta fala-nos da sua vida.
Em 1959, um pequeno grupo de focolarinos, entre os quais Ginetta Calliari, desembarcou no porto de Recife. Começou naquele dia uma aventura divina que transformou a vida de milhares de pessoas.
Natural de Trento, Itália, ela assistiu de perto ao nascimento do Movimento dos Focolares, junta¬mente com Chiara Lubich, de quem foi uma das primeiras colaboradoras. Chegou ao Brasil em 1959, integrada no primeiro grupo de focolarinos e focolarinas, cuja missão era difundir a espiritualidade da Unidade. Desde então a "divina aventura" de Ginetta neste país não cessa de apresentar desdobramentos imprevisíveis, mas não surpreendentes para quem sabe que para Deus tudo é possível.

Cidade Nova - Como foi o seu encontro com Chiara Lubich, no início do Movimento?
Ginetta Calliari - Um dia, a minha irmã contou-me um fato que revolucionou toda a minha vida: «Fui à casa de algumas jovens e assisti a uma cena fora do comum. Elas abriram o armário e a cômoda, e tiraram todas as roupas: 'Este casaco e esta saia estão sobrando; esta camisa e esta blusa também...'. Fizeram uma pilha no meio do quarto. Uma delas distribuía as roupas para pessoas necessitadas, seguindo uma lista de nomes que tinha nas mãos».
Escuto perplexa. Sinto o desejo de conhecê-las. Vou procurá-las no pequeno apartamento onde moram. Uma jovem abre a porta com um grande sorriso. Depois, sou apresen¬tada a Chiara.
Ela fala-me sobre a virgindade: quem a vive é como uma flor rara encontrada no meio da floresta, colhida por Deus e plantada, por Ele, no Céu.
O meu coração é invadido por uma alegria profunda. Comunico a Chiara o meu único anseio: Deus.
Ela responde-me: «Ginetta, tu sabes que também eu fiz de Deus o meu Ideal? Sabes que todos os santos optaram por Deus como ideal? Ou escolheram as chagas, ou o sangue, ou a pobreza de Jesus ... Eu O escolhi pregado na cruz, quando, abandona¬do por todos, gritou: ''Meu Deus, Meu Deus, por que Me abandonaste?"».

Qual era o seu projeto de vida, e o que mudou após o encontro com Chiara?
Nasci numa família católica e a minha mãe deu-nos uma formação cristã. Quando eu era criança, saía de casa sem dizer nada a ninguém e ia à igreja. Ficava lá, com Jesus Eucaristia, a quem chamava Deus vivo. Mas havia um grande contraste, por exemplo, entre essa minha exigência e o meu comportamento em casa. Eu não ajudava em nada e, por ter uma personalidade muito forte, todos deviam ceder às minhas vontades.
Tinha muitos ideais: a arte, a música, tudo o que fosse expressão de beleza. Era sedenta de verdade e amava as "minhas" montanhas! Dedicava todo o meu tempo livre ao estudo e à leitura.
Quando conheci Chiara, aconteceu uma revolução em mim. Todos esses meus ideais desapareceram como uma chama de vela diante do Sol.


Após alguns anos com Chiara, veio para o Brasil. Como aconteceu isso?
Em 1958, duas focolarinas e um focolarino vieram para a América Latina com uma missão: escolher o lugar mais adequado para dar início ao Movimento. Visitaram Recife, São Paulo, Montevidéu e Buenos Aires.
Objetivamente, o lugar menos indicado era Recife: um clima quente demais para europeus. Porém, na viagem de volta, problemas técnicos levaram o avião a fazer uma aterragem de emergência nessa cidade, onde ficaram por alguns dias.
Foi a oportunidade para um verdadeiro encontro! Ali, um pequeno grupo de pessoas decidiu ir à Itália com o objetivo de conhecer melhor o Movimento. Não eram ricos, não ti¬nham dinheiro, mas fizeram uma grande comunhão de bens e conseguiram ir! Eram todos de Recife ... Isso foi um sinal de que aquela era a cidade mais adequada para se tornar o berço do Movimento no Brasil e em toda a América Latina.
Pouco tempo depois, Chiara chamou-me e comunicou-me que eu deveria vir para cá. Não se tratava de uma viagem breve. Tratava-se de abrir dois centros do Movimento no novo continente: um masculino e outro feminino.
Numa conversa pessoal com Chiara, ela entregou-me um "crucifixo vivo", Jesus que grita: «Meu Deus, Meu Deus, por que Me abandonaste?".
Vim para o Brasil com a missão de apresentar Jesus crucificado e abandonado ao povo brasileiro. Vim para dar testemunho de que aquele Deus que muitos pensam poder encontrar só na outra vida, está aqui, presente entre nós, dentro de nós, ao nosso lado: podemos falar com Ele sempre!

Como foi a sua adaptação no novo continente?
Não foi preciso muito tempo. O povo nordestino tem uma grande capacidade de sacrifício e sabe deixar tudo por um grande Ideal. Fiquei deslumbrada também diante da natureza exuberante e rica.
Pelas ruas de Recife, deparei com a realidade social que nos circundava. Fiquei perplexa! Antes, eu não sabia o que era a fome, a sede, a miséria, a humilhação, a opressão, a exploração ... Foi muito duro para mim.
Jesus, presente na comunidade, que pode levar ricos e pobres a repartirem o muito ou o pouco têm, demonstra que, para Ele, nada é impossível, e que o Evangelho é um livro para todos.

Este novo estilo de vida evangélica encontrou logo a adesão do povo brasileiro?
Encontrei uma grande abertura e uma generosidade incrível.
A nossa primeira casa estava quase vazia, tínhamos apenas alguns colchões de palha, um armário velho e um fogareiro a petróleo. Não tínhamos cadeiras, sentávamo-nos no chão. Mas nunca sentimos falta de nada.
Começámos a conhecer as pessoas. Após três semanas, já havia uma pequena comunidade de 17 pessoas - jovens, estudantes, uma viúva, um religioso, um sacerdote, uma religiosa, casais ...
Uma pessoa perguntou-me o que tinha vindo fazer no Brasil: abrir escolas, hospitais? Eu apresentei-lhes o crucifixo vivo, e também eles quiseram fazer de Jesus crucificado e abandonado o ideal das suas vidas. Todos escreveram a Chiara. Ao ler as cartas, ela disse: «Agora posso dizer que o Movimento chegou ao Brasil".

Após o período no Recife, foi para São Paulo. Como foi o início nesta cidade imensa?
Como sempre, não tínhamos nada, nem sequer uma casa.
Tínhamos o endereço de um sacerdote e fomos procurá-lo para pedir a sua ajuda. Ele encontrou uma senhora disposta a receber-nos na sua casa. Essa pessoa cedeu-nos o seu quarto e passou a dormir na sala. Passados alguns dias, talvez com receio de que nos acomodássemos, pediu que fôssemos para outro lugar que ela própria tinha encontrado.
No quarto havia apenas uma cama de lona. Café com leite era a única coisa que conseguíamos tomar com o dinheiro que possuíamos.
Em 1966, Chiara visitou Recife e passou algumas horas em São Paulo. Naquela ocasião, observando a imensidão da metrópole, e tendo diante de si apenas um pequeno grupo de focolarinas e focolarinos, deu-nos uma Palavra de Vida: «Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado do Pai dar-vos o Reino". A partir daquele momento, o Movimento nas regiões Sul e Sudeste desenvolveu-se rapidamente. Chegou ao Rio de Janeiro, a Brasília, a Belo Horizonte, a Curitiba e a Porto Alegre.


Voltando àquela mudança ocorrida no seu projeto de vida, hoje diria que vale a pena deixar tudo para seguir Jesus? Sim.
Sou a pessoa mais feliz deste mundo, porque Deus é tudo para mim. Não um Deus abstrato, acima das nuvens, mas um Deus concreto, que está ao meu lado. Eu acredito na Sua Palavra. O Evangelho é extraordinário, é uma descoberta maravilhosa!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Testemunho de Trento, Itália

Conheci Ginetta em 1950. Cláudio, meu marido, trabalhava na ferrovia Trento-Malé e ali conheceu Marco Tecilla (o primeiro focolarino), seu colega, que o convidou a participar de um encontro com algumas senhoritas, jovens. Naquele dia ele chegou tarde em casa e eu perguntei: "Mas onde você esteve?". E ele me contou tudo, dizendo: "Assim que chegar alguma das tuas irmãs para ficar com as crianças, vou te levar a esses encontros". De fato, alguns meses depois uma irmã minha veio de Verona e ele me levou ao meu primeiro encontro. Foi ali que conheci Ginetta, que foi um dom imenso, uma luz, algo inimaginável. O encontro aconteceu na casa de uma família, estavam presentes umas trinta pessoas. Cláudio me apresentou a ela que, com seu olhar profundo, nos abraçou e disse: "Dois santos". Disse assim! Para mim foi uma surpresa essa primeira saudação estranha, na qual ela nos falava da santidade. Foi realmente uma surpresa!
Ela contou sobre a sua vida, o relacionamento com as outras focolarinas após a descoberta do Ideal da unidade, como superou o medo da morte fazendo tudo por amor. "Se lavo a salada - ela dizia - lavo por amor; se limpo a cozinha, ou qualquer outra coisa, faço por amor". Eu ficava encantada, porque estava casada há quase 5 anos, tinha dois filhos e estava esperando o terceiro, portanto estava sempre ocupada com as coisas da casa, mas nem tudo eu fazia por amor. Descobrir que Ginetta e as primeiras focolarinas faziam as coisas mais simples com amor, me deu uma grande alegria e surpresa, ao perceber o quanto essas coisas práticas e pequenas eram valorizadas com esta espiritualidade.
Até então, havia feito tudo porque amava Cláudio, porque os filhos eram meus, porém ela me apresentou um outro modo de viver.
Quando nasceu o terceiro filho, Ginetta veio me visitar no hospital com Bruna e Aletta (outras duas das primeiras focolarinas) e me trouxeram um grande maço de cravos brancos. Era a segunda vez que via Ginetta. E ali aconteceu um episódio hilário. Eu estava num quarto com outras seis mães que, vendo essas moças, me perguntaram: "Quem são? São parentes suas?". Eu respondi: "São amigas do meu marido". Elas riram provocatoriamente, mas silenciaram quando viram que Ginetta ficou e me ajudou muito.
Também Cláudio entrava cada vez mais no amor verdadeiro, muitas coisas estavam mudando para ele também. E Ginetta o ajudou muito.
Um belo dia Ginetta disse: "Escute, Cláudio, será se não é hora de você ir caçar homens, em vez de pássaros?". Ele logo vendeu os fuzis. Pouco a pouco, com o que Ginetta lhe dizia, ele ia superando pequenos vícios, como fumar, por exemplo. Sem lhe dizer para não fumar, Ginetta o levou a entender que podia 'oferecer' um sacrifício a N.Senhora; era o mês de maio. E ele conseguiu deixar de fumar.
Eu conheci outras focolarinas, mas Ginetta foi aquela que sustentou muito o Cláudio, ajudando-o a se desapegar de hábitos não bons.
Quando Ginetta deixou Trento e foi para Roma, continuou a me escrever e a ser para mim um guia, iluminando os encontros que eu fazia com pessoas a quem procurava transmitir essa luz que eu havia recebido.
TERESA FACCHINELLI - TRENTO

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Testemunhos sobre Ginetta

Conheci o Movimento dos Focolares no final de 1961, numa Mariápolis em Garanhuns, Nordeste do Brasil. E foi ali que conheci Ginetta, uma das primeiras focolarinas que veio para o Brasil. Ela falava todos os dias na Mariáplis e tudo o que dizia me impressionava muito, porque ela era como o fogo, e nos transportava para o que ela vivia. Eu queria muito falar com ela pessoalmente, mas havia muita gente ao seu redor. No último dia da Mariápolis, com espontaneidade ela me pegou pelo braço e fomos conversar numa salinha. Pela primeira vez na minha vida eu tive coragem de abrir a minha alma para uma pessoa que eu não conhecia muito. Ela me convidou para conhecer o focolare e ali eu me senti como se estivesse em casa. Ginetta sempre nos dizia algo que nos levava a viver aquele Ideal que ela pronunciava pelos tetos. Era incrível como a gente se trasformava diante das atitudes de Ginetta, tudo era positivo.
Eu me lembro de algum fato. Eu estava no focolare e vi uma pia suja, mas a deixei suja pois tinha outras coisas a fazer. Naquele momento Ginetta passou, me olhou e disse: esta pia está suja; se Jesus (presente no irmão) vem lavar as mãos vai encontrar a pia suja. Ela tornava a nossa vida maravilhosa, havia uma luz, era incrível ver como ela agia.
Ela nos ensinava como lavar a roupa, como manter o ambiente de trabalho em ordem, e dizia: antes de começar a trabalhar, arrumamos tudo poque Jesus deve poder vir e estar presente entre nós. Um dia, eu vi que ela pegou uma toalha de papel e enxugou as gotinhas do chão; em seguida, passou a vassoura e tirou a poeira, e me lembrava que podemos fazer tudo isso por Jesus.
Eu me recordo também de quando ela ia à praia. Ela já morava em São Paulo, mas gostava de fazer férias no Nordeste, para poder visitar os focolares e as pessoas do Movimento e, ao mesmo tempo, fazer uns dias de descanso. Ela ia à praia da Piedade, em Recife. De manhã cedo íamos fazer uma caminhada na praia e foi ali que, a um certo momento, ela começou a recolher o lixo. Um pouco depois ela me disse: Sabe por que eu faço isso? Temos de ajudar a manter a praia limpa porque a natureza deve falar de Deus.
Tudo isso ficou impresso na minha mente: limpar o ambiente antes de trabalhar, deixar tudo perfeito, cuidar da natureza porque expressa Deus e principalmente fazer as coisas por Jesus.
O meu relacionamento com Ginetta hoje...
Ginetta não é uma pessoa morta, ela está viva em tudo aquilo que nos deixou como herança do Ideal da Unidade. A sua foto sorridente me faz estar também com aquele sorriso e tentar ser como ela.
A.F.S

segunda-feira, 17 de maio de 2010

TRAJETÓRIA DE UMA VIDA - as recordações de uma colega de escola

O jornal paroquial de Lavis, na província de Trento, onde Ginetta nasceu e foi batizada, publicou em outubro de 2009 o artigo de Angelica Jachemet: "No Brasil, o processo de beatificação de uma lavisense".
O artigo suscitou uma reação em cadeia, inspirando o jornalista Andrea Casna a escrever outros dois no jornal diário l'Adige, de Trento: "Ginetta, 'serva de Deus', rumo à beatificação", em 18 de outubro de 2009, e "De Lavis a Recife, a viagem de Ginetta", em 29 de novembro de 2009.

Maria Odorizzi, de Lavis, ao ler o artigo publicado no Boletim paroquial, apresentou-se como colega de classe de Ginetta na Escola Agrícola de Lavis. Surpresa e feliz por ter notícias da amiga de infância, ela também escreveu suas recordações da Serva de Deus no mesmo jornal paroquial, em dezembro, artigo que reportamos a seguir.


LEMBRAR É GRATIFICANTE
Uma colega de escola "na corrida" para a beatificação
É maravilhoso!
Na nossa vida de todos os dias, pode acontecer que recordações e emoções se cruzem e se desdobrem em nosso coração e nossa mente.
A notícia da introdução da causa de beatificação da minha colega de escola Ginetta Calliari suscitou em minha mente um enleado de recordações. Na década de 1920 e de 1930, a família Calliari morava na casa do guarda-linha das vias férreas, poóximo à estação ferroviária de Lavis. Controlava a passagem de nível, abaixando a barra para a travessia do trem, seja durante o dia, seja à noite, porque ali, saindo da estrada e atravessando a ferrovia, começava a região agrícola nos campos dos Aicheri (onde atualmente desponta Zambana Nova) para depois continuar até Zambana Velha.
Ao redor da casa floresciam muitas atividades: a horta, o galinheiro, mais adiante um barracão com os apetrechos e uma pequena vinha.
Ginetta, nascida em 1918, e Gisella, em 1920, frequentavam a escola em Lavis: chegavam a pé, sempre pontuais e sorridentes. Participavam também dos cursos profissionalizantes, mantidos pelas irmãs canossianas, bem como da vida do oratório.
Em 1931, teve início a Escola Agrícola, cuja ala masculina era confiada ao professor Pio Tamanini, e a ala feminina era dirigida pela professora Lucia Pittori; a disciplina de ciências agrárias contavam também com o técnico Bertoli.
As irm~sa Calliari frequentavam a escola juntas. Lembro-me delas com afeto e emoção.
Ginetta era alta, de pele e cabelos morenos; Gisella era pequena, loira e de pele clara. A primeira tinha um caráter forte, empreendedor, vivaz e bem determinado; a menor era dócil. A irmã mais velha, Lívia, aprendia corte e costura.
além da escola, nós nos encontrávamos aos domingos na casa das religiosas, das 13 às 17h, para a "doutrina", o canto, o terço e os jogos no pátio. Lembro-me especialmente dos seis domingos de São Luiz Gonzaga, que aconteciam nos meses de maio e junho. Todos os oratorianos participavam: íamos juntos à missa, e o padre falava sobre a vida do santo e convidava-nos a segui-lo na pureza e na caridade.
A educação, a formação do caráter de muitas meninas e rapazes do vilarejo delineou-se não só na família e na escola, mas também com a ajuda preciosa e determinante das irmãs canossianas.
Concluído o período escolar, perdi de vista as minhas duas colegas.
Em 2001, recebi a notícia da morte de Ginetta, no Brasil. Naquela ocasião, soube da sua consagração no Movimento dos Focolares. Depois, durante o funeral de Chiara Lubich, que acompanhei pela televisão, reconheci Gisella, ali, no primeiro plano, entre as focolarinas. Para mim foi uma bela descoberta, e logo escrevi-lhe uma carta. Na semana seguinte, falei com ela por telefone, lembrando os tempos da nossa infância.
Agora exulto pensando no bem que Ginetta realizou, essa minha querida colega de escola, que recordo com tanta estima e amizade.
Confio a ela as minhas preocupações, as minhas alegrias, as inquietações de cada dia.
Confio a ela, em especial, a juventude, as mães, os idosos, toda a paróquia de Lavis, a fim de que esteja sempre voltada para Cristo e o Evangelho. Que a nossa comunidade seja sempre unida na acolhida, na concórdia, na fraternidade, na ajuda recíproca, tendo presente o bem comum.

Maria Odorizzi

terça-feira, 6 de abril de 2010

NOVIDADE EDITORIAL

De recente publicação, na Itália, o livro Partono i bastimenti (Partem os navios), sobre a vida de Ginetta Calliari, de autoria de Matilde Cocchiaro.
O livro conta a história de Ginetta, trazendo também muitos trechos de falas dela. O título alude às palavras de uma antiga canção composta propositalmente por ocasião da viagem dos primeiros e das primeiras focolarinas para o Brasil: Partem os navios. Saíam das fronteiras da Europa para trazer o Ideal da Unidade e consolidar o Movimento dos Focolares no continente americano. Trasncrevemos a seguir trechos de impressões de alguns leitores:

- A leitura suscitou em mim muita alegria. À medida que ia descobrindo os "milagres de unidade" de Ginetta, brotava em mim um louvor em agradecimento a Deus, que realiza maravilhas por um nosso pequeno sim. A leitura do livro deixou isso em mim: Ginetta realizou plenamente a escolha de Deus, e somente Ele se encontrava acima dos seus ideais; não o apostolado nem as coisas a fazer; ela doou somente Deus, e todo o resto foi uma consequência. (...) Sinto Ginetta protetora primeiramente do aspecto da economia. Foi uma sua característica total e plena; não me surpreende mais porque a Economia de Comunhão nasceu no Brasil, não podia acontecer senão ali! E agora eu rezo pedindo a sua intercessão pela EdC.

- Estou lendo o livro Partono i bastimenti (...). Pessoalmente tocou-me muito, e senti mais confiança em mim mesma vendo como Ginetta superava toda dificuldade confiando em Deus. Escolhi Ginetta como "companheira de viagem", certa de que ela me guiará e me protegerá sempre.

terça-feira, 23 de março de 2010

O BAIRRO DO CARMO, UMA COMUNIDADE PREDILETA DE GINETTA

Nas proximidades da Mariápolis Ginetta existe o Bairro do Carmo, comunidade de descendentes de escravos. Transmitir para os seus moradores o Ideal da Unidade, para que se tornassem "homens novos", impregnados pela cultura do Evangelho, sempre foi uma prioridade para Ginetta. Isso significava também oferecer a todos uma formação humana integral, resgatando neles a consciência da própria dignidade, a alegria de serem filhos de Deus e, desse modo, ajudá-los a se autopromoverem. Ela fazia de tudo para obter recursos para projetos com essa finalidade. E o Bairro, com o trabalho voluntário de muitas pessoas, foi se transformando. Transcrevemos abaixo o testemunho de uma moradora do Bairro:
A experiência que eu tenho de Ginetta é de toda a minha vida, praticamente. Eu me casei em 1982 e toda semana havia o encontro da Palavra de Vida.
Chegavam muitas notícias de Ginetta, muita "providência" que ela mandava para nós. Então a gente foi cultivada praticamente por todas as focolarinas que iam lá, ou as voluntárias, mas em nome dela, de Ginetta mesmo.
Quando Ginetta vinha visitar o Bairro, então a gente colhia flores e ia para frente da igreja. Eu me lembro, como se fosse hoje, que a minha filha, então, dava um raminho de flores a Ginetta, que brincava de roda com ela e abraçava a gente. No começo, eu tinha um pouco de receio, de vergonha, mas daí eu comecei a conhecer e a participar do grupo de aprofundamento da espiritualidade, e fui me sentindo sempre mais livre, mais à vontade com todo mundo.
Eu vejo assim, que tudo na minha casa, o meu relacionamento com os filhos, com o meu marido, o meu jeito de viver hoje, é por causa dessa influência dela.
Para mim, hoje, nas dificuldades, é espontâneo lembrar essa perseverança dela em tudo e de acreditar. Ginetta deixava tudo por amor a Ele, Jesus Abandonado e, se fosse vontade Dele, as coisas aconteciam.
Em todas as situações no Bairro, a gente faz uma oração e pedimos juntos para ela, vamos em frente seguindo o exemplo da perseverança dela.
Maria Aparecida Borba do Carmo

sexta-feira, 12 de março de 2010

HOMENAGEM A GINETTA NO 9º ANO DE SEU FALECIMENTO E 3º DO INÍCIO DO SEU PROCESSO DE BEATIFICAÇÃO

Mais um ano se passou, um ano de muitas alegrias, para a glória de Deus, pelas maravilhas que Ele tem realizado por meio do testemunho de vida cristã de Ginetta Calliari.
Agradecemos pela colaboração de todos os que acompanham os trabalhos do seu Processo de Beatificação com orações, ofertas, com o envio de depoimentos, recordações, graças recebidas por sua intercessão e de fatos vividos sob a inspiração de seu testemunho de vida.
No dia 6 de março Rogério Dentello, violonista de fama internacional, quis realizar um concerto na Mariápolis e destinar a renda para o Processo de beatificação de Ginetta.
No dia seguinte, na Igreja de Jesus Eucaristia, na Mariápolis, D. Ercílio Turco, Bispo de Osasco, presidiu a missa e no final da mesma convidou todos os presentes para irem ao túmulo de Ginetta rezar a oração de intercessão e cantar uma canção.
Em seguida, no auditório do Centro Mariápolis realizou-se uma cerimônia em homenagem a ela. Um breve vídeo, no qual Ginetta contava o que representou para ela o seu encontro com Chiara Lubich, proporcionou, de modo especial àqueles que não a conheceram pessoalmente, a ocasião de sentirem-se envolvidos e contagiados pelo seu entusiasmo e pela convicção que ela tinha da beleza de seguir o Ideal da unidade. Foram comunicadas algumas notícias sobre o andamento do Processo de beatificação e foi possível uma conexão por skype com o advogado Carlo Fusco, de Roma, postulador da Causa.
A seguir, um número musical e uma dos quatro representantes do Movimento budista Risho-Kossei-Kai, presentes, leu uma mensagem do Rev. Kasuya Nagashima, dirigente desse Movimento em S. Paulo, e que, naqueles dias, se encontrava no Japão.
Duas pessoas que conheceram Ginetta, relataram o próprio testemunho do papel dela em suas vidas: Giulio Sarrugerio, focolarino italiano que mora na Mariápolis e que conheceu Ginetta ainda nas primeiras Mariápolis em Fiera di Primiero, e Françoise Neveux, esposa de François Neveux, empresário francês da EdC.
Foram dois dias muito especiais em que juntos agradecemos e louvamos a Deus pela vida de Ginetta.