quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O PROBLEMA SOCIAL NÃO SE RESOLVE COM UM PACOTE DE NATAL

Trecho extraído do livro “Ginetta. Uma VIDA pelo IDEAL da UNIDADE”.

Um dia, um amigo de Gino, irmão de Chiara (esse amigo e Gino eram ambos comunistas), foi até ela para contar-lhe como o comunismo estava se estendendo em toda a Itália e em todo o mundo. Pouco antes de ir embora, tomado pelo entusiasmo, disse:
- Eu estaria disposto a derramar logo todo o meu sangue, se soubesse que assim poderia contribuir para desenvolver e difundir ainda mais esse grande ideal pelo mundo; renunciei à carreira de médico e, neste momento, também a formar uma família.
Essas palavras tocaram profundamente Chiara, porque, entre outras coisas, ela sabia que aquele jovem, além de ter renunciado à carreira de médico e, no momento, a formar a sua própria família, pela doação excessiva aos companheiros pobres e operários comunistas, tinha perdido a saúde e ainda tinha sido preso e maltratado pelos soldados alemães, para não trair os seus amigos, que viviam com ele pelo mesmo ideal.
Quando ele saiu, Chiara nos disse:
- Quantas coisas ele fez por um ideal meramente humano! Realmente nos superou na generosidade!

As palavras dele soavam aos nossos ouvidos como uma tremenda reprovação. Nós, pelo Ideal dos ideais, Deus, que há tempos havíamos escolhido como o nosso único Tudo, não tínhamos feito tanto quanto ele. Ficamos emudecidas, mas não perdemos o ânimo.
(...)
Jesus, no Santo Evangelho tinha dito e nos dizia: “Daí, e vos será dado; uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante, será derramada no vosso regaço” (Lc 6,38). É preciso dar para ter; para ter e poder doar novamente. Era um dever para todos nós dar o supérfluo e evitar que existisse quem não possuísse o necessário.
Não é justo, dizia, que entre nós exista quem circula com um casaco de pele e quem não tem o leite no café da manhã e a mistura no almoço.
(...) É vontade de Deus – para que se evitem esses enormes desequilíbrios – que se doe o supérfluo a quem não tem o mínimo indispensável para vier, e isso, constantemente, com consciência.
(...) O problema econômico social não se resolve com um pacote no Natal (...). Porque o ano é feito de trezentos e sessenta e cinco dias, e o físico reclama todos os dias os seus direitos. Na nossa pequena e grande família não deve existir nenhum necessitado, nenhuma diferença entre quem dá e quem recebe. Somos todos irmãos, todos filhos do mesmo Pai, o Pai que está nos Céus.

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