Propomos a seguir trechos de dois discursos de Ginetta dirigidos a empresários e agentes da EdC, em 1994 e 1996, e que podem servir de orientação e inspiração também hoje, passados 20 anos do lançamento da iniciativa.
“Quando Chiara nos comunicou essas suas ideias fascinantes [a proposta da EdC], os nossos corações exultaram. Para nós, era como canto do Magnificat, qual Carta Magna da Doutrina Social da Igreja, que Maria, como guia da Sua Obra, proclamava para desencadear uma revolução de amor.
A adesão dos membros do Movimento foi imediata, entusiástica, comovente; dos ricos aos pobres, dos pequenos aos grandes… envolveu a todos, provocando um germinar de vida nova, de projetos a serem atuados, de ideias… uma certeza adamantina, inabalável, que saciou todas as aspirações .
Cada um sentiu-se tocado e lançou-se numa contribuição pessoal das mais variadas formas. Vimos acontecer, de modo surpreendente, uma comunhão de bens como a dos primeiros cristãos: dinheiro, jóias, terrenos, casas, disponibilidade de tempo e de trabalho, disponibilidade de mudanças de cidade, oferenda a Deus de sofrimentos e da própria vida. Também as crianças organizaram várias atividades a fim de recolher fundos, permitindo-lhes serem protagonistas neste projeto. Até mesmo os mais necessitados deram a própria contribuição, o que para alguns significava dar mensalmente 50 centavos, para outros uma galinha… Era o óbolo da viúva atraindo bênçãos do Céu.
O povo brasileiro, que Chiara considerava “magnífico, generoso, simples, pobre, mas que doa tudo, inteligente, criativo e solícito”, soube responder ao apelo!
Com o desejo ardente de concretizar imediatamente esta inspiração, iniciamos a procura de um terreno que tivesse todos os requisitos de uma região industrial, ou melhor, que tivesse principalmente a “vocação” para garantir, no futuro, um Pólo no qual as empresas, por estarem instaladas num mesmo local, pudessem testemunhar essa nova economia. Nós, os responsáveis pelo Movimento no Brasil, fomos em peregrinação a um santuário pedir a Nossa Senhora essa graça… Depois de muita procura, a 4 km da Mariápolis Araceli, encontramos uma área pronta para esta finalidade.
Partindo das palavras de Chiara: "Somos pequenos, pobres, mas muitos", estudou‑se a possibilidade de constituir uma Sociedade Anônima, da qual todos pudessem participar, mesmo com um capital mínimo. Surgiu, assim, a ESPRI S.A., graças à competência, à generosidade e ao esforço – com sacrifícios – da parte de muitos membros do Movimento que se sentiram chamados pessoalmente a colaborar e a levar adiante esse projeto divino, conscientes de tal responsabilidade.
As iniciativas eram numerosas, às vezes, minúsculas, mas alimentadas, sustentadas e encorajadas pelas palavras de Chiara.
Depois da experiência destes anos, podemos afirmar que a geografia de Deus não é a mesma dos homens, porque Deus, ao escolher o Brasil, conhecia a trágica situação econômica do País. Abrir empresas num contexto social como o nosso, no qual milhares de fábricas estão fechando por causa da crise econômica, é humanamente absurdo, é contra a lógica humana…
A “cidade terrena”, que é o Pólo Industrial, completa, na inspiração de Chiara, a “cidade celeste”, que é a Mariápolis, constituída das instalações de formação e de testemunho do Ideal da unidade. Essa “cidade terrena” revela uma economia que desce do Céu, do coração da Trindade; portanto, não pode levar em conta somente os raciocínios meramente humanos, pois Cristo quer que vivamos de fé: "Tudo é possível àquele que crê" (Mc 9,23).
Podemos ainda compará-la com uma medalha: de um lado, uma realização, que é o Pólo Industrial, que se apresenta a todos como um testemunho concreto do Ideal da unidade; do outro, Jesus Abandonado, cujo amor por parte dos agentes da EdC é a raiz escondida que tudo sustenta. A espessura da medalha são as múltiplas experiências feitas de alegrias e conquistas, mas também de suspensão, de temores, experiências essas todas substanciadas pela vivência da Palavra de Deus.
Mas é preciso que a EdC vá em frente, para que realmente não haja nenhum necessitado entre nós. Essa é a vocação à qual somos chamados, como membros da Obra de Maria: viver no século XX como a primeira comunidade cristã de Jerusalém vivia. A nossa missão não se restringe a um trabalho de assistência aos pobres; somos chamados à comunhão, a partilhar tudo, como numa família.
Portanto, hoje, mais do que nunca, o futuro da EdC depende de cada um de vocês, empresários da comunhão na liberdade.
Não posso concluir essa minha exposição sem citar as palavras de Chiara: “O que fazer? Desanimar diante de um desafio tão grande? Com certeza, não. A Palavra de Vida nos diz: “Não temas, crê somente”. É isso que peço a mim mesma e a todos vocês: não temamos, continuemos a acreditar. Assim como Deus deu coragem àqueles que se comprometeram até agora, continuará a dá-la a muitos outros que talvez estejam esperando apenas por um impulso para lançarem-se nessa maravilhosa aventura.
Embora não nos sintamos capacitados, a fé em Deus fará com que ele manifeste a sua potência levando a Economia de Comunhão a um desenvolvimento inimaginável”.
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