segunda-feira, 11 de março de 2013


“Que a santidade de Ginetta Calliari seja reconhecida,
o quanto antes, para o bem da Igreja”

Esta foi a oração do cardeal D. Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo na mensagem lida ontem, 8 de março, na solene cerimônia de conclusão da fase diocesana do Processo de beatificação que, do Brasil, agora segue para o Vaticano.

“Através do testemunho de Ginetta anunciamos ao mundo que Jesus é o caminho, não somente para a nossa salvação pessoal, mas também para a construção de uma sociedade fraterna onde podemos viver a comunhão, a unidade, a justiça, a verdade e a santidade”.

Assim D. Ercílio Turco, bispo de Osasco (SP), na Catedral Santo Antonio, encerrou a solenidade de conclusão da fase diocesana do processo de beatificação de Ginetta Calliari, uma das primeiras companheiras de Chiara Lubich, chamada por ela mesma “cofundadora” do Movimento dos Focolares no Brasil, onde viveu por mais de 40 anos. Afirmou ainda: “Esta cerimônia, inserida na celebração do ano da Fé, é um precioso ponto de referência e uma graça para toda a Igreja” e convidou todos a pedir a Deus que “se for a Sua vontade, a sua vida seja apresentada como modelo de santidade para a Igreja”.

O bispo recordou “o seu amor autentico, forte, inflexível, exclusivo por Jesus Crucificado e Abandonado, que gerava comunhão e unidade”. “A essência do Evangelho é o amor”, acrescentou.  “E Ginetta viveu o amor a Jesus e aos irmãos, que levou-a a abraçar com entusiasmo o projeto de Chiara que hoje já é uma realidade: a Economia de Comunhão; amor traduzido em gestos concretos que promovem a vida e é sinal de uma sociedade nova, permeada pela fraternidade, pela partilha.”  Na sua vida – afirmou o bispo – contemplamos a realização das palavras da Gaudium et Spes: “A missão da Igreja, por sua natureza, se mostra religiosa e por isso mesmo profundamente humana”.

Na catedral de Osasco se respirava um clima de grande alegria e emoção.
A sua imagem luminosa na foto ao lado do altar tornava visível, mais do que nunca, a atração que sua vida continua a exercer ainda hoje. Vê-la, através de uma grande tela, em um vídeo, onde em poucos minutos comunicou a força do seu encontro com Chiara Lubich, com o carisma da unidade, com Deus que transformou a sua vida, foi impressionante.

A sua fidelidade ao carisma genuíno foi reconhecida por Chiara no dia da sua partida desta terra, como recordou a presidente dos Focolares, Maria Voce, na sua mensagem enviada para a ocasião: “Nisto está a  autenticidade de sua vida, o  segredo, a amplitude e a concretude de suas obras”.

Forte e comovente o testemunho de Norma Curti, que viveu com Ginetta por mais de 30 anos: “Não  existia obstáculo, imprevisto ou contrariedade que a freava” - disse. “A sua força era a fé nas palavras do Evangelho. ‘E a fé – Ginetta dizia - è a nossa participação à onipotência de Deus’ ”.

Seguiu-se a cerimônia presidida pelo Bispo, com todos os membros que compunham o Tribunal da Causa, o postulador, Carlo Fusco e a vice-postuladora, Sandra Ribeiro. Aos pés do altar as 14 caixas que foram fechadas e sigiladas. “Estas caixas contém, recordou Sandra Ribeiro, além dos 130 testemunhos de cardeais, bispos, mães e pais de família, políticos, empresários, trabalhadores, movidos pelo fascínio de Deus, que Ginetta comunicava, um total de quase 5.000 paginas, e também paginas de diário que por 40 anos escreveu fielmente, anotações de seus numerosíssimos discursos e cartas.

Estiveram presentes na cerimônia o ex-ministro do trabalho, Walter Barelli, representantes do Circulo Trentino em São Paulo, uma delegação da associação budista Risho Kossei Kai no Brasil, com o Reverendo Kazuyoshi Nakahara; Dr. Carlos Barbouth e a sua esposa Elsa, judeus, membros do Conselho Geral da Fraternidade Cristã Judaica de São Paulo, como demonstração de que o testemunho de Ginetta vai além dos confins da Igreja.

“Sentimo-nos unidos no seu mesmo caminho” – foram as palavras do Dr. Barbout. “Eu sempre acreditei que todos podemos ser exemplos uns para outros, e testemunho dos valores mais genuínos daquilo que mais precioso podemos realizar: trabalhar por um mundo melhor. Ginetta certamente cumpriu esta missão”. 

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