“Que a santidade
de Ginetta Calliari seja reconhecida,
o quanto antes,
para o bem da Igreja”
Esta foi a oração do cardeal D. Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo na
mensagem lida ontem, 8 de março, na solene cerimônia de conclusão da fase
diocesana do Processo de beatificação que, do Brasil, agora segue para o
Vaticano.
“Através do testemunho de Ginetta anunciamos ao mundo que Jesus é o caminho,
não somente para a nossa salvação pessoal, mas também para a construção de uma
sociedade fraterna onde podemos viver a comunhão, a unidade, a justiça, a
verdade e a santidade”.
Assim D. Ercílio Turco, bispo de Osasco (SP), na Catedral Santo Antonio,
encerrou a solenidade de conclusão da fase diocesana do processo de
beatificação de Ginetta Calliari, uma das primeiras companheiras de Chiara
Lubich, chamada por ela mesma “cofundadora” do Movimento dos Focolares no
Brasil, onde viveu por mais de 40 anos. Afirmou ainda: “Esta cerimônia,
inserida na celebração do ano da Fé, é um precioso ponto de referência e uma
graça para toda a Igreja” e convidou todos a pedir a Deus que “se for a Sua
vontade, a sua vida seja apresentada como modelo de santidade para a Igreja”.
O bispo recordou “o seu amor autentico, forte, inflexível, exclusivo por
Jesus Crucificado e Abandonado, que gerava comunhão e unidade”. “A essência do
Evangelho é o amor”, acrescentou. “E
Ginetta viveu o amor a Jesus e aos irmãos, que levou-a a abraçar com entusiasmo
o projeto de Chiara que hoje já é uma realidade: a Economia de Comunhão; amor
traduzido em gestos concretos que promovem a vida e é sinal de uma sociedade
nova, permeada pela fraternidade, pela partilha.” Na sua vida – afirmou o bispo – contemplamos
a realização das palavras da Gaudium et Spes: “A missão da Igreja, por sua natureza,
se mostra religiosa e por isso mesmo profundamente humana”.
Na catedral de Osasco se respirava um clima de grande alegria e emoção.
A sua imagem luminosa na foto ao lado do altar tornava visível, mais do
que nunca, a atração que sua vida continua a exercer ainda hoje. Vê-la, através
de uma grande tela, em um vídeo, onde em poucos minutos comunicou a força do
seu encontro com Chiara Lubich, com o carisma da unidade, com Deus que
transformou a sua vida, foi impressionante.
A sua fidelidade ao carisma genuíno foi reconhecida por Chiara no dia da
sua partida desta terra, como recordou a presidente dos Focolares, Maria Voce,
na sua mensagem enviada para a ocasião: “Nisto está a autenticidade de sua vida, o segredo, a amplitude e a concretude de suas
obras”.
Forte e comovente o testemunho de Norma Curti, que viveu com Ginetta por
mais de 30 anos: “Não existia obstáculo,
imprevisto ou contrariedade que a freava” - disse. “A sua força era a fé nas
palavras do Evangelho. ‘E a fé – Ginetta dizia - è a nossa participação à
onipotência de Deus’ ”.
Seguiu-se a cerimônia presidida pelo Bispo, com todos os membros que
compunham o Tribunal da Causa, o postulador, Carlo Fusco e a vice-postuladora,
Sandra Ribeiro. Aos pés do altar as 14 caixas que foram fechadas e sigiladas.
“Estas caixas contém, recordou Sandra Ribeiro, além dos 130 testemunhos de
cardeais, bispos, mães e pais de família, políticos, empresários,
trabalhadores, movidos pelo fascínio de Deus, que Ginetta comunicava, um total
de quase 5.000 paginas, e também paginas de diário que por 40 anos escreveu
fielmente, anotações de seus numerosíssimos discursos e cartas.
Estiveram presentes na cerimônia o ex-ministro do trabalho, Walter
Barelli, representantes do Circulo Trentino em São Paulo, uma delegação da
associação budista Risho Kossei Kai no Brasil, com o Reverendo Kazuyoshi
Nakahara; Dr. Carlos Barbouth e a sua esposa Elsa, judeus, membros do Conselho
Geral da Fraternidade Cristã Judaica de São Paulo, como demonstração de que o
testemunho de Ginetta vai além dos confins da Igreja.
“Sentimo-nos unidos no seu mesmo caminho” – foram as palavras do Dr.
Barbout. “Eu sempre acreditei que todos podemos ser exemplos uns para outros, e
testemunho dos valores mais genuínos daquilo que mais precioso podemos
realizar: trabalhar por um mundo melhor. Ginetta certamente cumpriu esta
missão”.
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