TRANSCREVEMOS O DEPOIMENTO DE GIS CALLIARI, IRMÃ DE GINETTA,
NO DIA 8 DE MARÇO DE 2001, APÓS A MISSA DE CORPO PRESENTE.
Ginetta, como muitos de vocês sabem, é minha irmã.
Dois anos mais velha do que eu, nasceu em Trento, em 15 de outubro de 1918, numa família, séria, sadia, de fé profunda.
Éramos muito unidas desde pequenas, também nas travessuras de criança.
Trabalhamos juntas numa empresa perto de Veneza, cujos proprietários nos consideravam como filhas e tinham a intenção de, um dia, nos tornarem herdeiras de tudo.
Lembro-me daquele período, do nosso sofrimento ao constatar as desigualdades sociais em relação aos camponeses e aos empregados.
Um dia, recebemos o cartão postal de uma amiga de Trento, que nos falava de Deus como aquele que vale mais do que tudo.
Foi como um chamado Dele. Decidimos deixar tudo (preparando-nos às escondidas para que não nos impedissem de partir) e voltamos para Trento.
Alguns dias depois, as bombas destruíram aquela estrada...
Em 1944, o encontro com Chiara.
A adesão foi imediata, total, e Ginetta logo ficou com Chiara, desde o início, na Praça dos Capuchinhos.
Mais tarde, em 1948, quando Chiara foi para Roma, confiou Trento a Ginetta e, a partir dali, o Ideal se espalhou pelas cidades vizinhas: Veneza, Pádua e, em seguida, Milão, Turim e todo o Norte da Itália.
Ginetta ia a essas cidades, amava, falava, conquistava e surgiam focolarinas, focolarinos, comunidades inteiras.
Chiara recorda que a primeira experiência de comunhão de bens, ainda na comunidade de Trento, está ligada a Ginetta. Ela mesma queria ter ido falar sobre este assunto num encontro, mas, na última hora, por um imprevisto, enviou Ginetta com uma carta sua. O efeito foi surpreendente e imediato. As pessoas se despojaram logo de tudo e entregaram a Ginetta o que tinham: dinheiro, relógios, frutas, verdura, ovos, tudo!
Começou, então, o uso do caderno no qual se anotava, de um lado, o que se recebia e, do outro, as necessidades; com uma relação da providência, que era sempre muito abundante – o que dava muita alegria a Chiara.
Era um dos primeiros sinais da fé carismática de Ginetta, fé total na palavra de Chiara, que se traduzia em atuar imediatamente e com alegria o que ela dizia. É essa fé que deu origem a inúmeros milagres – podemos dizer – até o florescimento da Economia de Comunhão que, tendo nascido do coração de Chiara aqui na Araceli, teve o seu grande e surpreendente desenvolvimento justamente graças à fé concreta e atuante de Ginetta.
Em 1958 e 1959, ela foi uma das primeiras a atravessar o oceano.
A partir daquele momento, falar em Ginetta e falar em Brasil é a mesma coisa.
Quantas vezes ela nos contou que, quando foi se despedir de Chiara, esta lhe disse: “Não lhe dou um crucifixo dos missionários, eu lhe dou um crucifixo vivo: Jesus Abandonado”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário