segunda-feira, 3 de outubro de 2011

NO SACRÁRIO ELE NÃO NOS PEDIA NADA, MAS NO IRMÃO, TUDO!


Trecho extraído do livro “Ginetta. Uma vida pelo Ideal da Unidade”.

Desde quando começamos a ver Jesus nos mais pequeninos, nos pobres, os milagres da Divina Providência começaram a chover na nossa pequena família espiritual, o focolare. Havia a guerra, toda a cidade estava sem leite, e ao focolare chegava leite em pó; eram quilos e quilos que eram dados aos pobres e a todos que pediam. “Dá ao que te pede” (MT 5,42).
À falta de leite se juntava uma enorme carestia de carne, e a carne chegava aos quilos e quilos... Chegavam aos quilos peixe em conserva, farinha, batatas, feijão, ervilha e frutas.
“Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (MT 6, 33).
Buscávamos incansavelmente o seu Reino, e o acréscimo vinha, para nós e para todos os próximos que a vontade de Deus colocava ao nosso lado. Da mesma forma que as coisas chegavam, elas eram dadas. Nada deveria ficar parado. Eram caixas que entravam e caixas que saíam. (...)
O verbo “cansar-se” não era conhecido; muito menos o verbo “dormir”. O ronco dos aviões de dia e o ronco do Pippo, à noite (avião usado durante a guerra para causar medo às pessoas, sobrevoando as cidades durante a noite), faziam entender a brevidade do tempo, o valor da vida. Aliás, tínhamos a sensação, a certeza, de não ter amado a Deus. Assim, queríamos nos dirigir a todo próximo para demonstrar-lhe o nosso amor. No sacrário, Ele não nos pedia nada, mas nos seus irmãos, tudo.
(...) A casa onde Chiara e algumas das suas primeiras companheiras moravam, ainda em 1944, era um vai-e-vem de pessoas para dar de comer espiritual e materialmente. Vinham os famintos, os abandonados, os fracos, os aflitos, os pecadores. Vinham todos, sem distinção. (...) E os famintos saíam saciados; os maltrapilhos, cobertos; os aflitos, consolados; os fracos, fortalecidos; os pecadores saíam convertidos, os pobres, enriquecidos, mais do que de dinheiro, enriquecidos de Deus!!!
Em meio à pobreza da guerra, pediam tudo a Chiara. Lembro que, quando encontrei as suas companheiras, fiquei muito impressionada. Voltei para casa e procurei logo tirar farinha da despensa, procurei batatas, procurei um pouco de verdura, e fui entregar a Chiara. Mas depois vi que não dava certo, porque era pouco demais. E me recordo que entrei numa igreja e pedi a Deus um emprego para poder ajudar Chiara e suas primeiras companheiras com o meu ordenado. Pedi, mas não encontrei, pedi outra vez e não encontrei... Estava quase desanimando... No entanto, precisava acreditar e, depois, encontrei um emprego bom. E assim consegui ajudar Chiara.
(...) ... uma vez veio uma família pedir alguma coisa, porque não tinha com o que viver; tiramos tudo o que possuíamos, comprometendo a vida das focolarinas; mas depois a providência veio. A providência existe, existe! Podemos acreditar em Deus e pedir a Ele!

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